20.5.09

Eles andam aí (I)

(Centro de Trabalho - sede- do PCP em Viseu, 1º andar, na manhã do dia seguinte ao "assalto",
tendo o seu interior ficado completamente destruído)

Depois dos assaltos e destruição de sedes, dos atentados e perseguições a militantes do PCP por ocasião do “verão quente” de 1975 levados a cabo por gente ao serviço da extrema direita, animados pelos partidos da direita portuguesa com a cúmplice cobertura do Partido Socialista de Mário Soares que com as suas ligações à CIA e ao então embaixador dos Estados Unidos em Portugal, em muitas regiões do país se tornou muito difícil, aos comunistas e outros democratas exercerem o seus mais elementares direitos de cidadania.
Muitos foram os que perderam os seus empregos, viram as suas casas, automóveis e outros bens alvo de acções bombistas, tiveram que mudar de residência, assumiram uma postura quase que de clandestinidade.
Este clima de justificado medo demorou anos a esbater-se com gravíssimas consequências para a vivência democrática naquela região onde a igreja, a católica, utilizou todos os meios ao seu alcance, e eram muitos, para dar cobertura a todo o tipo de acções anti-comunistas.
Escrevo sobre este assunto com o objectivo de contribuir para a memória e, de certa forma, “espicaçar” outras pessoas para a partilha de vivências dessa época, no sentido de contrariar uma certa tendência que por aí vai fazendo escola de tentar branquear, modificando, a história.
Se é verdade que algumas das pessoas que sofreram na pele todo esse tipo de agressões já não se encontram entre nós, outros ainda podem e devem dar o seu testemunho.
Durante muitos anos foi difícil aos membros do PCP, naquele distrito, assumir-se como tal sem que não fossem, desde logo, objecto de censura, mas também foi pela coragem, exemplo e persistência de muitos desses e de outros comunistas que as nuvens negras do reaccionarismo dominante se foram afastando.
Hoje comemoram-se Abril e Maio em plena praça da República (rossio) em Viseu, no Largo Dr. Couto (praça central) em Mangualde, na principal avenida de Lamego e por tantos outros locais do distrito mas nem sempre assim foi, houve condicionamentos, agressões, todo o tipo de provocações para que naquele distrito Abril não fosse Abril.
Noutra oportunidade trarei outros testemunhos
Até lá

3.5.09

MINEIROS E MINAS



Sempre tive consciência de que o trabalho em qualquer exploração mineira, seja ela a céu aberto como no subsolo era muito pesado, era muito violento.

Durante muitos anos tive contactos privilegiados com trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio – ENU, quer com os que desenvolviam a sua actividade no fundo da mina (no caso da Urgeiriça), quer com os que trabalhavam a “céu aberto” (no caso da Cunha Baixa) e ainda com operários das lavarias, geólogos e outros técnicos dessa imensa massa de “formigas” que compõem uma exploração mineira.

Mais recentemente tenho conhecido a realidade das explorações de sal em Loulé e Mata do Carriço, de cobre e zinco na Somincor em Castro Verde, de tungstênio ou volfrâmio em Panasqueira, de (sabe-se lá do quê) nas Pirites Alentejanas em Aljustrel.

Fotos de Sebastião Salgado na sua colectânea sobre o trabalho (publicada pela editorial caminho) dão-nos mostra de como pelo mundo, este tipo de trabalho, em pleno século XX, é penoso e inaceitável.

Conhecemos histórias das múltiplas doenças profissionais a que estes trabalhadores foram e estão sujeitos, sabemos e apoiamos a luta que familiares e trabalhadores da ex- ENU têm vindo a levar a cabo - (já mais que uma vez tratada neste blogue). Todos damos conta, quem lida com mineiros, que estes homens nos parecem sempre mais velhos que a idade que efectivamente têm.

É tempo de olhar para estes profissionais e profissão com outros olhos, com outra responsabilidade e justiça.

Impõem-se melhores salários, a integração nos salários dos múltiplos prémios que o patronato usa e abusa para condicionar os trabalhadores, melhores meios de protecção, higiene e segurança no trabalho, maior e mais adequada fiscalização das condições de trabalho (na mina) por parte da Autoridade para as Condições de Trabalho – ACT, mais e melhor formação profissional.

Antecipar, ainda mais e com maior abrangência, o tempo de trabalho para efeitos de reforma (por inteiro) deverá ser uma reivindicação dos trabalhadores mineiros que deve ser assumida pelos deputados na Assembleia da República.

A título de curiosidade deixo-vos algumas fotos de uma mina em Portugal.



(local da "bucha" telef.emergência e primeiros socorros) - ( Transporte para o fundo da mina)



(restos exoplosivos)




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