11.9.08

IMIGRANTE

É com um conjunto de “manobras de diversão” que o governo pretende fazer crer aos portugueses que está a tomar medidas contra o crime, em particular com o crime violento.

São as mega acções conjuntas de várias forças policiais nas autoestradas com as operações de auto-stop ou nos bairros sociais muitas vezes usando e abusando, invadindo, ilegalmente, habitações às horas mais incríveis.

Tudo isto muito bem publicitado e acompanhado pela comunicação social.

A primeira grande questão que se coloca é a de se o crime tem só residência em bairro social, não tenho memória de ter visto ou ouvido falar em acções deste tipo em outras zonas residenciais, muito menos nas zonas onde as camadas mais favorecidas da população habita.

A segunda questão, esta ainda mais preocupante, é a de para essas acções serem sempre destacados inspectores do SEF associando, desta maneira, o crime organizado e violento à imigração.

Começou assim em Portugal a caça a seres humanos que por várias razões, alheias à sua vontade, é obrigado a deixar as suas terras, as suas famílias, para cá procurar rendimentos que lhes permita uma outra vida, mais longe da fome, das guerras, da miséria...

Há uns dias, a propósito da “Directiva de Retorno” da EU, escrevi que o novo Mussolini tinha alargado o estado de sítio a todo o território Italiano para assim intensificar a “caça” aos imigrantes “ilegais” e chamava a atenção para o que podia vir a passar-se em Portugal o que lamentavelmente veio a confirmar-se.

Bastou que, decorrente de insuficientes e qualificadas medidas sociais, culturais e de segurança, tivessem ocorrido alguns incidentes, convenientemente publicitados, para que se focasse também na imigração “ilegal” a fonte do problema.

Se vários estudos, alguns publicados pelo ACIME/ACIDI, demonstram que a criminalidade praticada por imigrantes, em território português, nem é maior nem menor, tão pouco mais perigosa, que a praticada por nacionais porque insiste o governo e alguma comunicação social a seu soldo na ideia de que estes trabalhadores são parte do sub-mundo que todos (?) queremos acabar?

Perante isto espero que o silêncio da “sociedade civil”, instituições de vário tipo e mesmo o de alguns partidos políticos não decorra da aceitação dos errados pressupostos do governo.

Não seremos um Povo digno se não soubermos receber com dignidade quem se disponibiliza a, com o seu trabalho, contribuir para a riqueza deste país.

Para terminar, seria bom insistir na ideia de que não há cidadãos ilegais, eles serão indocumentados, ilegais nunca.

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