15.6.08

IMIGRANTE ?!

José nasceu em Angola há 20 anos e, ainda com tenra idade (6 meses), viajou para Portugal com sua mãe que fugia da guerra e buscava trabalho que lhe permitisse dar a si e ao seu filho melhores condições de vida.
Instalaram-se na periferia de Lisboa e logo a sua mãe arranjou trabalho (mal remunerado) em serviços de limpezas que lhe iam aparecendo.

A mãe do José lutou muito para que ele crescesse como os outros meninos do bairro, para que não lhe faltassem as refeições, para que ele pudesse aprender a ser homem.

José que não andou no jardim de infância mas fez a primária e lá seguiu até ao nono ano que concluiu com muito bom aproveitamento.

Não voltou à escola, as condições de vida impunham que procurasse ganhar mais uns "trocos" para casa, fez um curso de formação em informática, fez outro de electricista a que se lhe seguiram dois estágios.

José que decidiu aumentar a família, vive com a companheira de quem tem dois lindos meninos, portugueses claro, tão portugueses como eu, mas o José não é português e isso traz-lhe enormes dificuldades, não consegue um contrato de trabalho.

A situação é, no mínimo, caricata senão vejamos:

Quando terminou o estágio de electricista, a empresa onde o frequentou ofereceu-lhe um posto de trabalho e logo se aprontou a fazer-lhe um contrato de trabalho, para isso José precisava de um documento (Autorização de Residência) que tinha pedido renovação ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que lho recusou por ele não estar a estudar ou a trabalhar criando assim uma situação terrível, José é ilegal no País onde cresceu, estudou e foi pai.

José não pode subscrever um contrato de trabalho por não ter Autorização de Residência actualizada, não pode actualizar a Autorização de Residência por não ter trabalho.

Ficou no "limbo", José está condenado a trabalhar ilegalmente, sem condições e baixissimas remunerações, José sujeita-se a ser expulso de Portugal para regressar a um país que sendo o do seu nascimento nada conhece.

É este o País que faz gala em afirmar estar na linha da frente no que toca ao tratamento das questões da Imigração, são estes os serviços que o SEF presta aos patrões que, sem escrúpulos, vivem engordando à custa de trabalho escravo.

Os filhos de José terão vergonha da sua Pátria quando tiverem idade para saber o que este país lhes fez passar a seu pai.

Viva o Euro2008 !

10.6.08

COMISSÕES DE TRABALHADORES


"As Comissões de Trabalhadores são a expressão real da capacidade criativa, organizativa e unitária dos trabalhadores que a Constituição da República Portuguesa, o Código do Trabalho e a sua Lei regulamentadora reconhecem e consagram" - começava assim o documento do XIV ENCONTRO NACIONAL DAS COMISSÕES DE TRABALHADORES (CT), que se realizou em Braga no passado dia 6 de Junho, exactamente no dia seguinte ao da grandiosa manifestação nacional contra as intenções do governo de alteração do código do trabalho e o custo de vida que juntou em Lisboa mais de duzentas mil pessoas.

Este Encontro Nacional das CT que tinha como lema "COMISSÕES DE TRABALHADORES UM MOVIMENTO COM FUTURO - COM OS TRABALHADORES EXIGIR DIREITOS", reuniu 300 trabalhadores, correspondendo estes a 81 CT , na sua maioria de grandes empresas nacionais e contou com 27 intervenções, ao que lhes seguiu uma manifestação com mais de meio milhar de trabalhadores, até ao governo civil de Braga onde foram entregues os documentos aprovados.

Estes encontros, de representantes dos trabalhadores nas empresas, realizam-se desde os primeiros anos da revolução dos cravos e têm permitido para que, colectivamente, se troquem informações e experiências por forma a dar mais "argumentos" a quem, no dia a dia enfrenta a dificuldade de, na empresa, dirigir reivindicações, suster a ofensiva patronal aos direitos.

Para além do documento base foram apresentadas e votadas quatro moções sobre a Precariedade, o desemprego, o aumento do custo de vida, a paz.

O conteúdo dos documentos aprovados e a determinação que envolveu a manifestação sublinham a afirmação de que as Comissões de Trabalhadores são um movimento com futuro que se afirma convergente, complementar e cooperante com o movimento sindical de classe.

  • Quem pretende que as Comissões de Trabalhadores deixem de o ser para passarem a comissões de empresa;
  • Quem pretende que as Comissões de Trabalhadores deixem de fazer o Controlo de Gestão para passarem à Co-gestão;
  • Quem pretende que as Comissões de Trabalhadores entrem numa fraticida concorrência de competências com o movimento sindical, saiu deste XIV Encontro Nacional completamente derrotado.
Será por isso que o documento base foi aprovado com 15 abstenções em 300?!

Aqui ficam os números Sr. Louçã
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